Durante uma pesquisa,
encontrei um blog contendo um vasto conteúdo postado pelo Prof. Leonardo Castro,
sobre as revoltas e decidi compartilhar com vocês.
Revoltas
Guerra de Canudos: um
movimento de fundo sócio-religioso, de caráter messiânico, reprimido
militarmente, que durou de 1896 a 1897, na então comunidade de Canudos, no
interior do estado da Bahia. Canudos foi levantada em 1893, perto do rio
Vaza-Barris. Chamava-se Belo Monte, mas passou para a historia como Canudos,
nome dado pelos inimigos.
O episódio foi fruto de uma
série de fatores como a grave crise econômica e social em que encontrava a
região à época.
A situação na região, à
época, era muito precária devido às secas, à fome, à pobreza e à violência
social. Esse quadro, somado à elevada religiosidade dos sertanejos, deflagrou
uma série de distúrbios sociais.
Antônio Vicente Mendes
Maciel, apelidado de “Antônio Conselheiro”, Foi o líder do arraial de Canudos.
Acreditava que era um enviado de Deus para acabar com as diferenças sociais e
com a cobrança de tributos. Acreditava ainda que a República (então
recém-implantada no país) era a materialização do reino do “Anti-Cristo” na
Terra, uma vez que o governo laico seria uma profanação da autoridade da Igreja
Católica para legitimar os governantes. A cobrança de impostos efetuada de
forma violenta, a celebração do casamento civil, a separação entre Igreja e
Estado eram provas cabais da proximidade do "fim do mundo".
“Apareceu no sertão do Norte
um indivíduo, que se diz chamar Antônio Conselheiro e que exerce grande
influência no espírito das classes populares. Deixou crescer a barba e os
cabelos, veste uma túnica de algodão e alimenta-se tenuemente, sendo quase uma
múmia. Acompanhado de duas professas, vive a rezar terços e ladainhas e a
pregar e dar conselhos às multidões, que reúne onde lhes permitem os párocos.”
(Descrição da Folhinha Laemmert, de 1877, reproduzida por Euclides da Cunha em
Os sertões, em 1897.)
Os sertanejos agruparam-se
em torno do discurso do andarilho “Bom Jesus” (outro apelido de Conselheiro),
que sobrevivia das esmolas, obtidas pela caridade pública.
A maior implicação do
movimento de Canudos foram as críticas contra aos impostos e a conseqüente
queima de editais para a cobrança de impostos realizada por Antônio Conselheiro
ocorrida em Bom Conselho em 1893. Em represália a este ato, um contingente
militar foi enviado de Salvador para prender o beato e dispersar os sertanejos
que ao seu lado estavam.
Comandada pelo major
Febrônio de Brito, em janeiro de 1897, uma segunda expedição militar contra
Canudos foi atacada no dia 18 e repelida com pesadas baixas pelos jagunços.
No Rio de Janeiro, o governo
federal via em Canudos um perigoso foco monarquista, assumiu a repressão,
preparando a primeira expedição regular, cujo comando confiou ao coronel
Antônio Moreira César. Em 2 de março, depois de ter sofrido pesadas baixas, causadas
pela guerra de guerrilhas, Moreira César foi mortalmente ferido e assumiu o
comando o coronel Pedro Nunes Batista Ferreira Tamarindo. Abalada, a expedição
foi obrigada a retroceder.
Em abril de 1897 então,
providenciou-se a quarta e última expedição, sob o comando do general Artur
Oscar de Andrade Guimarães.
Após várias batalhas, a
tropa conseguiu dominar os jagunços. Depois da morte de Conselheiro em combate,
em 22 de setembro, muitos jagunços abandonaram a luta. O arraial resistiu até 5
de outubro de 1897, quando morreram os quatro ultimos defensores.
Guerra do Contestado: foi um
conflito armado entre a população cabocla e os representantes do poder estadual
e federal brasileiro travado entre outubro de 1912 a agosto de 1916, numa
região pretendida pelos Estados do Paraná e Santa Catarina. A Guerra do
Contestado teve origem em conflitos sociais, frutos de desmandos, em especial
no tocante à regularização da posse de terras por parte dos caboclos.
Representando, ao mesmo
tempo, a insatisfação da população com sua situação material, o conflito era
permeado pelo fanatismo religioso, expresso pelo messianismo e pela crença, por
parte dos caboclos revoltados, de que se tratava de uma guerra santa.
A história do conflito tem
início em 1912, quando apareceu publicamente a figura de um monge, conhecido
com o nome de José Maria de Santo Agostinho.
Os camponeses que tinham
perdido o direito às terras que vinham sendo ocupadas pela Brazil Railway,
empresa ferroviária do grupo do empresário Parcival Farquhar, e os
trabalhadores que foram demitidos pela companhia da estrada de ferro decidiram,
então, ouvir a voz do monge José Maria, sob o comando do qual organizaram uma
comunidade.
O monge é, então, convidado
para participar da festa do Senhor do Bom Jesus, na localidade de Taquaruçu
(município de Curitibanos). Segue acompanhado de cerca de 300 fiéis. Terminada
a festa, o monge se demorou nesta localidade.
O monge rumou para a região
de Irani, que era disputada por Santa Catarina e Paraná. As autoridades do
Paraná concluíram que aquele movimento de pessoas era um ato de posse por parte
de Santa Catarina. O Paraná resolveu então reprimir os sertanejos adeptos de José
Maria.
A guerra do Contestado inicia-se neste ponto: em defesa das terras paranaenses,
várias tropas do Regimento de Segurança do Paraná são enviadas para o local, a
fim de obrigar os invasores a voltar para Santa Catarina, em outubro de 1912.
Mas as coisas ocorrem bem diferentes
do planejado. Tem início um confronto sangrento entre tropas do governo e fiéis
do Contestado.
Em 8 de fevereiro de 1914,
numa ação conjunta de Santa Catarina, Paraná e governo federal, foi enviado a
Taquaruçu um efetivo de 700 soldados, apoiados por peças de artilharia e
metralhadoras. Estes logram êxito na empreitada, incendeiam completamente o
acampamento dos jagunços.
Em fins de 1915 consumou-se
a liquidação dessa rebelião sertaneja. Em 1916, Adeodato, o último líder
sertanejo, foi preso.
O movimento operário: A vida
dos trabalhadores da indústria e dos transportes no começo do século XX era
penoso e sofrida. A maior parte de seu tempo era dedicado ao trabalho. As
jornadas de trabalho eram de 12 a 16 horas por dia. Os salários eram mínimos e
não correspondiam as necessidades dos trabalhadores.
Em geral toda a família trabalhava
inclusive as crianças, que sofriam até espancamentos nos locais de trabalho.
Nas fábricas, por exemplo, ocorria o emprego maciço de mão-de-obra infantil,
mais barata que a adulta. Muitas crianças empregadas acabavam com membro
mutilados pelas máquinas e, assim como os demais trabalhadores, não tinham
direito a tratamento médico, seguro por acidentes de trabalho, etc.
Essa situação levou os
trabalhadores a reagir. Ainda no século XIX, surgiram associações de auxílio,
com o objetivo de prestar socorro a seus membros. Na década de 1870,
trabalhadores imigrantes europeus começaram a criar ligas operárias, destinadas
a lutar por reivindicações trabalhistas. Nascia assim o movimento operário
no Brasil.
Nesse contexto, surgiram as
primeiras manifestações sob influência das idéias socialistas e anarquistas,
que moviam as lutas operárias internacionais, mas, sobretudo, o
anarcosindicalismo. A diminuição da jornada de trabalho para oito
horas foi a grande bandeira de luta do movimento operário brasileiro.
As idéias do movimento operário
Socialismo – no Brasil,
os socialistas defendiam a participação dos trabalhadores na luta legal como
caminho para a conquista de direitos.
Anarquismo – os
anarquistas lutavam pela libertação dos trabalhadores por meio da eliminação do
Estado e da propriedade privada.
Anarcosindicalismo –
corrente do anarquismo que propunha a utilização dos sindicatos como instrumento
de mobilização política e para a destruição do Estado e da sociedade burguesa.
Comunismo – os
comunistas almejavam a destruição da sociedade capitalista, propondo a
substituição do Estado burguês pela ditadura do proletariado como via para se
chegar ao socialismo.
A organização dos
trabalhadores resultou na fundação de associações sindicais e de jornais
operários, tornando o movimento mais forte para enfrentar as inúmeras
dificuldades. Seguindo o exemplo dos trabalhadores de outros países, surgiram
manifestações e greves em vários estados, destacadamente em São Paulo, onde se
concentrava o maior número de indústrias.
Em 1907, a cidade de São
Paulo foi paralisada por uma greve que reivindicava: jornada de oito horas
diárias de trabalho, direito a férias, proibição do trabalho infantil,
proibição do trabalho noturno para as mulheres, aposentadoria e assistência
médica hospitalar. A manifestação iniciada por trabalhadores da construção
civil, da indústria de alimentos e metalúrgicos acabou contagiando outras
categorias e atingindo diversas cidades do estado.
Em junho de 1917, outra
grande greve também se iniciou em São Paulo. A greve de 1917 teve
início em duas fábricas têxteis. O movimento se espalhou rapidamente e
paralisou a cidade, contando com a adesão dos trabalhadores do serviço público.
Cerca de 50.000 pessoas aderiram ao movimento. Os patrões deram um aumento
imediato de salário e prometeram estudar as demais exigências. A grande vitória
foi o reconhecimento do movimento operário como instância representativa.
A revolta da Vacina: A
chamada Revolta da Vacina ocorreu de 10 a 16 de Novembro de 1904 na cidade do
Rio de Janeiro.
No início do século XX, a
cidade do Rio de Janeiro, como capital da República, apesar de possuir belos
palacetes e casarões, tinha graves problemas urbanos: rede insuficiente de água
e esgoto, coleta de lixo precária e cortiços super povoados. Nesse ambiente
proliferavam muitas doenças, como a tuberculose, o sarampo, o tifo e a
hanseníase.
Alastravam-se, sobretudo, grandes epidemias de febre amarela,
varíola e peste bubônica.
Decidido a sanear e
modernizar a cidade, o então presidente da República Rodrigues Alves
(1902-1906) deu plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao médico Dr.Oswaldo
Cruzpara executarem um grande projeto sanitário. O prefeito pôs em prática uma
ampla reforma urbana, que ficou conhecida como bota abaixo, em razão das
demolições dos velhos prédios e cortiços, que deram lugar a grandes avenidas,
edifícios e jardins. Milhares de pessoas pobres foram desalojadas à força,
sendo obrigadas a morar nos morros e na periferia.
“Tiros, gritaria,
engarrafamento de trânsito, comércio fechado, transporte público assaltado e
queimado, lampiões quebrados à pedradas, destruição de fachadas dos edifícios públicos
e privados, árvores derrubadas: o povo do Rio de Janeiro se revolta contra o
projeto de vacinação obrigatório proposto pelo sanitarista Oswaldo Cruz.”
(Gazeta de Notícias, 14 de novembro de 1904).
Para erradicar a varíola, o
sanitarista convenceu o Congresso a aprovar a Lei da Vacina Obrigatória (31
de Outubro de 1904), que permitia que brigadas sanitárias, acompanhadas por
policiais, entrassem nas casas para aplicar a vacina à força.
A aprovação da Lei da Vacina
foi o estopim da revolta: no dia 5 de Novembro, a oposição criava a Liga contra
a Vacina Obrigatória. A resistência popular, levou o centro do Rio de Janeiro a
transformar-se em campo de batalha: era a rejeição popular à vacina contra a
varíola.
Entre os dias 10 e 16 de
novembro, a cidade virou um campo de guerra. A população exaltada depredou
lojas, virou e incendiou bondes, fez barricadas, arrancou trilhos, quebrou
postes e atacou as forças da polícia com pedras, paus e pedaços de ferro.
A reação popular levou o
governo a suspender a obrigatoriedade da vacina e a declarar estado de sítio
(16 de Novembro). A rebelião foi contida, deixando 50 mortos e 110 feridos.
Centenas de pessoas foram presas e, muitas delas, deportadas para o Acre.
Espero que tenham gostado! Beijos