sábado, 9 de junho de 2012

Estudo sobre as Revoltas!


Durante uma pesquisa, encontrei um blog contendo um vasto conteúdo postado pelo Prof. Leonardo Castro, sobre as revoltas e decidi compartilhar com vocês.

Revoltas

Guerra de Canudos: um movimento de fundo sócio-religioso, de caráter messiânico, reprimido militarmente, que durou de 1896 a 1897, na então comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia. Canudos foi levantada em 1893, perto do rio Vaza-Barris. Chamava-se Belo Monte, mas passou para a historia como Canudos, nome dado pelos inimigos.

O episódio foi fruto de uma série de fatores como a grave crise econômica e social em que encontrava a região à época.

A situação na região, à época, era muito precária devido às secas, à fome, à pobreza e à violência social. Esse quadro, somado à elevada religiosidade dos sertanejos, deflagrou uma série de distúrbios sociais.

Antônio Vicente Mendes Maciel, apelidado de “Antônio Conselheiro”, Foi o líder do arraial de Canudos. Acreditava que era um enviado de Deus para acabar com as diferenças sociais e com a cobrança de tributos. Acreditava ainda que a República (então recém-implantada no país) era a materialização do reino do “Anti-Cristo” na Terra, uma vez que o governo laico seria uma profanação da autoridade da Igreja Católica para legitimar os governantes. A cobrança de impostos efetuada de forma violenta, a celebração do casamento civil, a separação entre Igreja e Estado eram provas cabais da proximidade do "fim do mundo".

“Apareceu no sertão do Norte um indivíduo, que se diz chamar Antônio Conselheiro e que exerce grande influência no espírito das classes populares. Deixou crescer a barba e os cabelos, veste uma túnica de algodão e alimenta-se tenuemente, sendo quase uma múmia. Acompanhado de duas professas, vive a rezar terços e ladainhas e a pregar e dar conselhos às multidões, que reúne onde lhes permitem os párocos.”
(Descrição da Folhinha Laemmert, de 1877, reproduzida por Euclides da Cunha em Os sertões, em 1897.)

Os sertanejos agruparam-se em torno do discurso do andarilho “Bom Jesus” (outro apelido de Conselheiro), que sobrevivia das esmolas, obtidas pela caridade pública.
A maior implicação do movimento de Canudos foram as críticas contra aos impostos e a conseqüente queima de editais para a cobrança de impostos realizada por Antônio Conselheiro ocorrida em Bom Conselho em 1893. Em represália a este ato, um contingente militar foi enviado de Salvador para prender o beato e dispersar os sertanejos que ao seu lado estavam.

Comandada pelo major Febrônio de Brito, em janeiro de 1897, uma segunda expedição militar contra Canudos foi atacada no dia 18 e repelida com pesadas baixas pelos jagunços.
No Rio de Janeiro, o governo federal via em Canudos um perigoso foco monarquista, assumiu a repressão, preparando a primeira expedição regular, cujo comando confiou ao coronel Antônio Moreira César. Em 2 de março, depois de ter sofrido pesadas baixas, causadas pela guerra de guerrilhas, Moreira César foi mortalmente ferido e assumiu o comando o coronel Pedro Nunes Batista Ferreira Tamarindo. Abalada, a expedição foi obrigada a retroceder.

Em abril de 1897 então, providenciou-se a quarta e última expedição, sob o comando do general Artur Oscar de Andrade Guimarães.

Após várias batalhas, a tropa conseguiu dominar os jagunços. Depois da morte de Conselheiro em combate, em 22 de setembro, muitos jagunços abandonaram a luta. O arraial resistiu até 5 de outubro de 1897, quando morreram os quatro ultimos defensores.

Guerra do Contestado: foi um conflito armado entre a população cabocla e os representantes do poder estadual e federal brasileiro travado entre outubro de 1912 a agosto de 1916, numa região pretendida pelos Estados do Paraná e Santa Catarina. A Guerra do Contestado teve origem em conflitos sociais, frutos de desmandos, em especial no tocante à regularização da posse de terras por parte dos caboclos.

Representando, ao mesmo tempo, a insatisfação da população com sua situação material, o conflito era permeado pelo fanatismo religioso, expresso pelo messianismo e pela crença, por parte dos caboclos revoltados, de que se tratava de uma guerra santa.

A história do conflito tem início em 1912, quando apareceu publicamente a figura de um monge, conhecido com o nome de José Maria de Santo Agostinho.

Os camponeses que tinham perdido o direito às terras que vinham sendo ocupadas pela Brazil Railway, empresa ferroviária do grupo do empresário Parcival Farquhar, e os trabalhadores que foram demitidos pela companhia da estrada de ferro decidiram, então, ouvir a voz do monge José Maria, sob o comando do qual organizaram uma comunidade.
O monge é, então, convidado para participar da festa do Senhor do Bom Jesus, na localidade de Taquaruçu (município de Curitibanos). Segue acompanhado de cerca de 300 fiéis. Terminada a festa, o monge se demorou nesta localidade.

O monge rumou para a região de Irani, que era disputada por Santa Catarina e Paraná. As autoridades do Paraná concluíram que aquele movimento de pessoas era um ato de posse por parte de Santa Catarina. O Paraná resolveu então reprimir os sertanejos adeptos de José Maria.

A guerra do Contestado inicia-se neste ponto: em defesa das terras paranaenses, várias tropas do Regimento de Segurança do Paraná são enviadas para o local, a fim de obrigar os invasores a voltar para Santa Catarina, em outubro de 1912.
Mas as coisas ocorrem bem diferentes do planejado. Tem início um confronto sangrento entre tropas do governo e fiéis do Contestado.

Em 8 de fevereiro de 1914, numa ação conjunta de Santa Catarina, Paraná e governo federal, foi enviado a Taquaruçu um efetivo de 700 soldados, apoiados por peças de artilharia e metralhadoras. Estes logram êxito na empreitada, incendeiam completamente o acampamento dos jagunços.
Em fins de 1915 consumou-se a liquidação dessa rebelião sertaneja. Em 1916, Adeodato, o último líder sertanejo, foi preso.

O movimento operário: A vida dos trabalhadores da indústria e dos transportes no começo do século XX era penoso e sofrida. A maior parte de seu tempo era dedicado ao trabalho. As jornadas de trabalho eram de 12 a 16 horas por dia. Os salários eram mínimos e não correspondiam as necessidades dos trabalhadores.

Em geral toda a família trabalhava inclusive as crianças, que sofriam até espancamentos nos locais de trabalho. Nas fábricas, por exemplo, ocorria o emprego maciço de mão-de-obra infantil, mais barata que a adulta. Muitas crianças empregadas acabavam com membro mutilados pelas máquinas e, assim como os demais trabalhadores, não tinham direito a tratamento médico, seguro por acidentes de trabalho, etc.

Essa situação levou os trabalhadores a reagir. Ainda no século XIX, surgiram associações de auxílio, com o objetivo de prestar socorro a seus membros. Na década de 1870, trabalhadores imigrantes europeus começaram a criar ligas operárias, destinadas a lutar por reivindicações trabalhistas. Nascia assim o movimento operário no Brasil.

Nesse contexto, surgiram as primeiras manifestações sob influência das idéias socialistas e anarquistas, que moviam as lutas operárias internacionais, mas, sobretudo, o anarcosindicalismo. A diminuição da jornada de trabalho para oito horas foi a grande bandeira de luta do movimento operário brasileiro.

As idéias do movimento operário

Socialismo – no Brasil, os socialistas defendiam a participação dos trabalhadores na luta legal como caminho para a conquista de direitos.

Anarquismo – os anarquistas lutavam pela libertação dos trabalhadores por meio da eliminação do Estado e da propriedade privada.

Anarcosindicalismo – corrente do anarquismo que propunha a utilização dos sindicatos como instrumento de mobilização política e para a destruição do Estado e da sociedade burguesa.

Comunismo – os comunistas almejavam a destruição da sociedade capitalista, propondo a substituição do Estado burguês pela ditadura do proletariado como via para se chegar ao socialismo.
A organização dos trabalhadores resultou na fundação de associações sindicais e de jornais operários, tornando o movimento mais forte para enfrentar as inúmeras dificuldades. Seguindo o exemplo dos trabalhadores de outros países, surgiram manifestações e greves em vários estados, destacadamente em São Paulo, onde se concentrava o maior número de indústrias.

Em 1907, a cidade de São Paulo foi paralisada por uma greve que reivindicava: jornada de oito horas diárias de trabalho, direito a férias, proibição do trabalho infantil, proibição do trabalho noturno para as mulheres, aposentadoria e assistência médica hospitalar. A manifestação iniciada por trabalhadores da construção civil, da indústria de alimentos e metalúrgicos acabou contagiando outras categorias e atingindo diversas cidades do estado.

Em junho de 1917, outra grande greve também se iniciou em São Paulo. A greve de 1917 teve início em duas fábricas têxteis. O movimento se espalhou rapidamente e paralisou a cidade, contando com a adesão dos trabalhadores do serviço público. Cerca de 50.000 pessoas aderiram ao movimento. Os patrões deram um aumento imediato de salário e prometeram estudar as demais exigências. A grande vitória foi o reconhecimento do movimento operário como instância representativa.

A revolta da Vacina: A chamada Revolta da Vacina ocorreu de 10 a 16 de Novembro de 1904 na cidade do Rio de Janeiro.

No início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro, como capital da República, apesar de possuir belos palacetes e casarões, tinha graves problemas urbanos: rede insuficiente de água e esgoto, coleta de lixo precária e cortiços super povoados. Nesse ambiente proliferavam muitas doenças, como a tuberculose, o sarampo, o tifo e a hanseníase. 

Alastravam-se, sobretudo, grandes epidemias de febre amarela, varíola e peste bubônica.
Decidido a sanear e modernizar a cidade, o então presidente da República Rodrigues Alves (1902-1906) deu plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao médico Dr.Oswaldo Cruzpara executarem um grande projeto sanitário. O prefeito pôs em prática uma ampla reforma urbana, que ficou conhecida como bota abaixo, em razão das demolições dos velhos prédios e cortiços, que deram lugar a grandes avenidas, edifícios e jardins. Milhares de pessoas pobres foram desalojadas à força, sendo obrigadas a morar nos morros e na periferia.

“Tiros, gritaria, engarrafamento de trânsito, comércio fechado, transporte público assaltado e queimado, lampiões quebrados à pedradas, destruição de fachadas dos edifícios públicos e privados, árvores derrubadas: o povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de vacinação obrigatório proposto pelo sanitarista Oswaldo Cruz.”
(Gazeta de Notícias, 14 de novembro de 1904).

Para erradicar a varíola, o sanitarista convenceu o Congresso a aprovar a Lei da Vacina Obrigatória (31 de Outubro de 1904), que permitia que brigadas sanitárias, acompanhadas por policiais, entrassem nas casas para aplicar a vacina à força.

A aprovação da Lei da Vacina foi o estopim da revolta: no dia 5 de Novembro, a oposição criava a Liga contra a Vacina Obrigatória. A resistência popular, levou o centro do Rio de Janeiro a transformar-se em campo de batalha: era a rejeição popular à vacina contra a varíola.

Entre os dias 10 e 16 de novembro, a cidade virou um campo de guerra. A população exaltada depredou lojas, virou e incendiou bondes, fez barricadas, arrancou trilhos, quebrou postes e atacou as forças da polícia com pedras, paus e pedaços de ferro.
A reação popular levou o governo a suspender a obrigatoriedade da vacina e a declarar estado de sítio (16 de Novembro). A rebelião foi contida, deixando 50 mortos e 110 feridos. Centenas de pessoas foram presas e, muitas delas, deportadas para o Acre.

Espero que tenham gostado! Beijos

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.